terça-feira, 9 de março de 2010

Conversas com a (in)Sônia.

Não. Você não entendeu nada. A madrugada toda tentei explicar desse monstro sentimento adormecido e agora que o sol se infiltra pela cortina e chega ao seu rosto posso enxergar sua expressão: de quem não entendeu nada. Mas tudo bem, meu bem, estou acostumada. Vou tentar de novo, dessa vez tenta prestar mais atenção:
-Fiquei pensando em tudo que o que um dia foi dito. Aquelas promessas que diziam sobre a morte se um dia a vida nos levasse para caminhos diferentes. Aqueles exageros sinceros nos quais nos banhávamos de esperanças tolas enquanto o mundo acabava do lado de fora do quarto. Fiquei pensando então no fim. Senti-me Sofia e a falta de reciprocidade de quando um amor pára ( e o outro continua para além de vista?). Não sei lidar com isso, coração. Por favor, me ajuda. Essa asfixia constante na qual tenho vivido desde que. Preciso aprender a ser mais como você. Ou quiçá preciso aprender a ser menos como eu.
(Silêncio.)
Entendeu?

domingo, 7 de março de 2010

Das vontades.

A janela aberta: apenas dois palmos para que a gata não fuja. A noite se derrama sobre mim nesse apartamento que de repente encolheu e não pode suportar essa vontade de. Talvez o frio e o cobertor xadrez que tive de tirar do armário. Talvez só o meu ser tão previsível quando se trata às questões do existir em par. O que aconteceu foi uma vontade enorme da sua voz. Nasceu em mim sem avisar como se desconhecesse minha gravidez (da solidão). Onze e quarenta e oito e meu coração batia apertado nessa ânsia de revirar o passado. Cigarro aceso como antídoto para essa falta de ter algo nas mãos. Mas não. Por esses dias meses anos eu andei de mão dada com sentimentos e fantasias e tudo o que criei para mim. Você nunca foi minha. Como na vez em que comíamos na lanchonete do centro e você disse com as feições de quem não entende sobre a brutalidade do sentir que 'ninguém é de ninguém'. Não era cegueira. Você só não estava olhando para o mesmo lado: você não enxergou que naquela tarde na lanchonete do centro eu me fazia sua até a curva do infinito oito. E já passaram-se anos e nas noites como essa em que o frio arrepia os pêlos do braço e a chuva pontua o sentir eu sempre me lembro. Lembrar que para mim parece ser maldição. Que venham então essas vontades, não vou mais tentar evitá-las. O tempo vai atravessar os anos e, talvez, em uma das curvas eu me esqueça dos detalhes-fantasmas-nas-noites-chuvosas. E se não esquecer, meu bem, os tomarei pela mão e eles me farão companhia.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A tua porta.

Depois do sexo virei para o lado e chorei. Chorei lágrimas silenciosas, mas não por isso menos doídas. Queria poder dizer de como você é filha da puta. Queria poder dizer que você me usa e me joga fora. Queria poder encontrar nisso tudo razões para transformar o amor em ódio. Mas não. Você não queria. Eu insisti. Eu disse que não me importava. Eu só queria esquecer. Deixar você me possuir e nesses momentos sermos uma só e poder esquecer da dor. Se for preciso achar alguém para culpar não posso culpar ninguém além de mim mesma. Eu quero domar o rio- mesmo sabendo que essa tarefa é impossível. Tentar resgatar um amor que já foi embora. Fazer-te lembrar que eu sou a mulher da sua vida. Mas eu não sou. Eu fui um dia. E talvez um dia volte a ser. Não, eu sei que isso não vai acontecer. Você é a mulher da minha vida. Você é o sol, a lua e as estrelas. Não posso te culpar- por mais que tente. Você fez o melhor que pode. Você me amou como ninguém nunca havia me amado- e talvez nunca me amará. Mas acabou. No momento em que o meu amor por você renasceu, o seu por mim estagnou. Aconteceu. A culpa não é sua. Vou esperar. A cada amanhecer vou respirar fundo e repetir a mentira que me permiti sair da cama: tudo vai ficar bem. A cada anoitecer vou olhar para as estrelas e pedir para que elas me tragam você de volta. A cada vontade de acabar vou me lembrar do seu sorriso me dizendo que ‘eu te amo’. Assim que vai ser. Vou tentar fazer o melhor que posso. Vou viver. Vou morrer. Vou continuar. Continuar te amando e te desejando e te falando em silêncio que sempre, sempre vou estar aqui.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

nada:

eram os galhos batendo contra minha janela. eram os monstros tentando entar. era tudo que não me pertencia dentro da minha casa e o que eu amava trancado do lado de fora.

domingo, 4 de janeiro de 2009

pedidos impuros.

o dia acaba e o escuro já enche a casa inteira. essa casa cheia da imensidão de sua ausência. queria linha direta entre eu e você. em um fechar e abrir dos olhos estar ao teu lado: no lugar ao qual pertenço. peço em silêncio para que seus planos deêm errados. peço errada. mas, amor, entenda que não posso ficar quieta e aceitar que você se vá. vai voltar. vai voltar. tenho medo porque não acredito. diz aqui ao meu lado, tua presença concreta, teu calor me aquecendo. dê um jeito de me fazer entender que voltas e que não preciso de tanta dor, só da metade. fico quieta com palavras presas, censuradas e precipitadas. grita em mim algo feio, grita sobre o abandono. não vou te deixar. não vou te deixar. fala isso e sinto-me melhor. mas o que é isso então? você está me deixando. então eu peço. peço de novo até não conseguir mais. deuses, façam os planos darem todos errados e que ela fique ao meu lado como tem de ser.